A Loja das Ideias

Este blogue é um exercício de cidadania de um grupo de portugueses que pretendem debater publicamente ideias sobre Ciência, Cultura e Política. O nosso compromisso é, antes de mais nada, com a Ética, a Estética e o Rigor, pelo que o escrutínio da razão será o contraponto à imaginação e ao humor.

Wednesday, March 16, 2005

Becquerel, Pierre e Marie Curie - Prémios Nobel de Física (1903)

ANTOINE HENRI BECQUEREL, em reconhecimento pelos extraordinários serviços prestados pela sua investigação sobre a radioactividade espontânea,
E a outra metade em conjunto a:
PIERRE CURIE e MARIE CURIE, (nome de solteira SKLODOWSKA), em reconhecimento pelos extraordinários serviços prestados pela sua investigação conjunta sobre os fenómenos de radiação iniciada pelo Professor Henri Becquerel.

Becquerel, um físico francês, filho e neto de físicos, foi um dos muitos cientistas que se entusiasmou com a descoberta dos raios X feita por Wilhelm Conrad Roentgen*. Becquerel decidiu então estudar fenómenos considerados relacionados tais como a fluorescência e a fosforescência. Em Março de 1896, completamente ao acaso, Becquerel fêz uma descoberta notável. Descobriu que, se era verdade que os fenómenos de fluorescência e fosforescência tinham muitas semelhanças com os raios X, também exibiam diferenças importantes. Assim enquanto a fluorescência e os raios X se extinguiam quando a fonte de energia exterior que os excitava era desligada, a fosforescência mantinha-se por algum tempo após desligada a fonte de energia.

Em Março de 1896, face às previsões atmosféricas de céu nublado, Becquerel uma vez que não poderia, durante uns dias, usar o Sol como fonte de energia para as suas experiências, decidiu embrulhar as suas placas fotográficas e guardá-las em conjunto com alguns cristais contendo urânio numa gaveta escura. Mais tarde, e para sua grande surpresa, verificou que as placas apesar de guardadas na gaveta tinham sido impressionadas por emanações invisíveis com origem no urânio. Mais, essas emanações não tinham necessitado da acção de nenhuma fonte de energia externa – ou seja os próprios cristais tinham autonomamente emitido radiações.

Ao contrário da descoberta dos raios X que constituiu uma autêntica bomba despertando o entusiasmo da sociedade em geral e da comunidade científica em particular, a descoberta da radioactividade passou quase despercebida mesmo na comunidade científica. Apenas um reduzido número de cientistas se interessou pela descoberta de Becquerel e não foi senão após a descoberta do radium, por Marie e Pierre Curie, dois anos mais tarde que o interesse pela radioactividade teve um grande crescimento.

Trabalhando no laboratório de Becquerel, Marie Curie e o marido Pierre, começaram o que se veio a revelar ser uma vida inteira dedicada ao estudo da radioactividade.

Becquerel já tinha notado que as emanações de urânio poderiam tornar o ar condutor de eletricidade. Usando os instrumentos sensíveis inventados por Pierre Curie e seu irmão, Pierre e Marie Curie mediram a capacidade para induzir conductividade exibida pelas emanações de vários elementos. A 17 de Fevereiro de 1898, os Curies ao testarem um minério de urânio, pecheblenda, verificaram que este tinha uma capacidade de ionização do ar 300 vezes mais intensa do que a do urânio puro. Testaram e recalibraram os seus instrumentos, no entanto voltaram a obter os mesmos surpreendentes resultados. Então, conjecturaram que para além do urânio, provavelmente, existia no pecheblenda uma substância desconhecida muito mais activa que o urânio. No título de um artigo que descreve a hipótese da existência deste elemento (que denominaram polonium (polónio) em homenagem à Polónia país de origem de Marie), introduziram o termo novo: "radio-activo."

Após muito trabalho, os Curie conseguiram extrair quantidades suficientes, de polonium e de um outro elemento radioactivo, o radio, para poderem estabelecer as propriedades químicas destes elementos. Marie Curie, em colaboração com o marido e sozinha após a sua morte, estabeleceu os primeiros padrões quantitativos com base nos quais a taxa da emissão radioativa de partículas carregadas poderia ser medida e comparada. Além disso, constatou que havia uma diminuição na taxa de emissão radioativa ao longo do tempo e que esta diminuição poderia ser calculada e prevista. Mas talvez a maior e mais original contribuição de Marie Curie tenha sido a constatação de que a radiação é uma propriedade intrínseca de certos átomos.
O prosseguimento dos trabalhos de Marie Curie viriam a valer-lhe um segundo Prémio Nobel, desta vez da Química, em 1911.
Apesar do passo gigante para a Ciência que estas descobertas significaram, e da contribuição que deram para mudar radicalmente a face da Física moderna, os cientistas da época ainda sabiam pouco sobre a estrutura do átomo. Foi preciso esperar pelo trabalho de Ernest Rutherford para que se (começasse a compreender) compreendesse a verdadeira importância destas descobertas.

Para informação mais detalhada consultar aqui, aqui e aqui.

João Sentieiro

1 Comments:

Blogger Dinamene said...

OS MEUS PARABÉNS E BEM-VINDOS À BLOGOSFERA, DE ONDE PARECE QUE AS CIÊNCIAS SE AFASTARAM.
C.S.A.

6:08 PM  

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